Desabafo.

Confesso que é a primeira vez que uso um aplicativo como esse, já ouvi falar só que definitivamente vou utilizar o Reddit pela primeira vez. Meu intuito com esse texto é expressar em palavras uma experiência que tive em minha vida do começo do ano até a metade desse mesmo ano, então, vamos lá.

Quando consegui passar na faculdade dos meus sonhos, em comemoração postei em todas as minhas redes sociais para compartilhar uma conquista que visava bastante desde que era menor, então, em uma dessas respostas e agradecimentos surgiu uma garota perguntando sobre, achei um pouco estranho pois não era lá tão comum que uma garota fosse até mim, não por ser feio ou coisas do gênero, mas eu não era alguém que aparecia muito ou tinha uma frequência nas redes sociais para exibir, então, nisso eu acabei por responder suas perguntas e até aprofundar um pouco sobre o que estávamos falando do curso.

A conversa encerrou nesse dia com uma mensagem de despedida e não nos falamos mais, 3 dias já na cidade eu postei outra coisa, dessa vez uma pequena edição de onde eu estava e ela veio novamente conversar, falamos mais um pouco do curso e ela questionou um pouco sobre o que eu acreditava, sou muito chegado a filosofia, principalmente o pensamento existencialista, expliquei para ela e dei uma introdução ao existencialismo de Sartre, um ateu e Kierkegaard, um cristão. Acredito que depois dessa conversa acabamos por tornar esse hábito de conversas uma rotina, todos os dias conversávamos por mensagens em dois aplicativos de mensagem, até que, conforme os dias passavam, sentia que poderia ter uma intimidade melhor, não no lado sexual, mas sim por saber mais sobre ela, como era sua vida.

Descobri bastante coisa, e até mesmo anotava o que ela dizia, não que ela mentisse, mas sim contasse meias verdades, uma parte ser verdade e outra ser manipulada, não me levem a mal, mas eu precisava disso para entender melhor a história que ela tinha, e só consegui ter realmente uma base de história após seis meses desde nossa primeira conversa. Ela era órfã e foi adotada por uma mulher viúva, não se tem notícias sobre sua mãe biológica, dizem que era uma viciada em entorpecentes e seu pai, também não tem nenhuma notícia, em um relato que ela disse a mim, o padrasto ou o próprio pai dela a fizeram ter uma experiência horrível, ao qual nem mesmo eu quero falar sobre.

Seu passado foi isso, teve que crescer bastante nova e amadurecer também, seu refúgio foram os livros e poesias, em parte também a religião, ao qual devotou-se bastante em seus relatos a mim, só que, em certa idade já depois dos 13 anos, um rapaz começou a tentar prender ela em um relacionamento abusivo, eles namoraram, ela não quis seguir, mas ele insistia em seguir ela, falar com ela, até chegar num ponto de mandar cartas, nas palavras dela, o seu ex-namorado era um obsessivo possessivo por ela e até mesmo mandou fotos salvas de cartas que tinha.

Em tese, é necessário saber o passado para que possamos prosseguir nesse desabafo, então, com um mês de conversa acabamos por tentar algo mais próximo, uma piada ali, uma coisa mais sugestiva aqui, até que no fim, deu certo, eu organizei um local e fiz questão de a buscar e deixar em casa, paguei por tudo, pois de fato, não queria que ela tivesse alguma impressão negativa de mim, então, acabamos por subir a um quarto e fazermos o que casais fazem. Tive precaução e levei preservativos, como era minha primeira vez eu nunca havia feito, no máximo ver vídeos ou coisas do gênero, não sei se foi pelo nervosismo ou tensão, não tive nenhum orgasmo, mas, já que ela estava satisfeita, não era tão relevante em minha cabeça isso.

Depois desse dia, nossa relação passou a ser diferente de só sermos amigos, éramos algo a mais, só que, eu não queria firmar o pé em assumir um namoro, pois, na minha visão, eu acabei de adentrar no curso que eu mais gostava, em outra cidade, eu não teria como dividir prioridades, era meu sonho e minha vida, então, eu conversei bastante com ela a respeito disso, não poderia viver de um cargo que ela queria, ela queria ser minha namorada mas eu não queria colocar meu curso em risco, e mesmo que exista o relacionamento por web, ele não é nada comparado a essência de um namoro presencial, em que você pode ver, sorrir com ela, abraçar, sentir seu calor, e somente viver de ligações, fotos e vídeos? Não era meu estilo, por isso eu esclareci isso a ela e ela não se incomodou.

Os dias fluíam bem, eram bem tranquilos, riamos bastante e compartilhavamos experiências, só que, em uma certa noite de domingo, ela disse que iria para uma confraternização de seu centro religioso, eu não a incomodei e disse para ela ter cuidado, e com o que ela precisar poderia me ligar. Passou algumas horas e estava próximo da meia noite ela me ligou, seu tom de voz estava bastante amedrontado, eu sabia que tinha algo de errado, fiquei ansioso mas tive calma em ouvir o que ela tinha para falar, desde sua experiência ruim com sua figura paterna, ela acabou por ficar com bastante medo de lugares em que ficassem aglomerados e naquele ambiente em sua descrição havia vários sujeitos, jovens e velhos que ficavam olhando pra ela, ela não sabia o que fazer ou como agir, por isso, eu acalmei ela naquele momento, conversei bastante e até consegui distrair um pouco, ela me agradeceu mas disse que precisava voltar, então, ela me disse muito obrigado e pela primeira vez disse que me amava após dois meses de conversa seguidas.

Não sou apático, eu tinha um sentimento forte por ela, de cuidado, proteção, eu zelava bastante pelo bem estar dela, tanto que a sua voz mudada deixou-me ansioso para saber o que havia acontecido, ela voltou pra casa e contou-me melhor sobre o que havia passado, ela sentiu pânico em ter os rapazes e idosos olhando pra ela devido a um trauma, foram dias bem estranhos mas acabamos por resolver isso, eu falei com ela a respeito do que ela disse e sobre a atitude dela de ter me ligado, eu me senti importante para ela, como se eu pudesse fazer diferença em sua vida, e conforme os dias passavam, a gente seguia sorrindo e até tendo mais encontros, mesmo que estivéssemos em cidades diferentes, haviam feriados ou finais de semana que eu ia pra cidade apenas para ter um encontro com ela, saber como ela estava e tudo mais.

Do mês 3 até o mês 5 foram marcados por várias discussões dela com sua mãe adotiva, era uma senhora já de idade com problemas de alcoolismo e que por várias vezes reclamava com ela sobre sua vida e até o choque de culturas, pois na idade da senhora a mulher que estava agarrada ao macho deveriam casar, só que, agora, a filha dela comigo estávamos apenas "ficando" com seriedade, em palavras, nem eu e nem ela fomos atrás de mais ninguém nesse tempo, ao menos da minha parte eu garanto, já não sei a dela. Bom, a rotina que ela fazia e que a mãe reclamava era sobre academia, ela ia a pé para a academia e voltava num horário de anoitecer, era bastante perigoso e eu até mesmo tentava avisar que não era bom brincar com isso, porque as ruas são perigosas e principalmente ela por ser mulher.

Ao todo, eu e ela tivemos 10 encontros, alguns deles tiveram fins sexuais, só que, em todos esses, teve uma unanimidade, nunca tive um sequer orgasmo, e não sei ao certo, tenho uma hipotese forte, pois ela sabia que eu tinha muitas preocupações com meu futuro, então, ela acabava por brincar comigo de uma forma que eu desaprovava, como por exemplo: "E se a camisinha estourar?", "E se depois disso eu sair grávida?". Pode parecer uma bobagem, mas para mim era o fim do mundo, essa brincadeira acabava com minha diversão e até mesmo ficava em uma situação constrangedora onde eu verificava o preservativo antes, durante e depois do ato, só para ver se ele ainda estava intacto, e todos eles secos, sem nenhuma gota de sêmen.

No quinto mês tivemos uma discussão feia, quer dizer, quase nunca perco a cabeça, mas nesse caso ela estava dizendo que não estava mais aceitando a situação como estava e queria que fossemos algo oficial ou nada, eu expliquei novamente minha situação, prioridades e tudo mais, só que ela não aceitava de forma alguma, eu fui franco em dizer que não era algo que eu poderia mudar, não poderia largar meu curso pra viver de "amores", e ninguém a obrigava a estar comigo, então, se ela não quisesse mais nada comigo por causa disso era para ela decidir, pois meu veredito não ia mudar, confesso que eu fui rude, mas eu precisava falar de uma forma que ela pudesse entender, reclamar não vai tirar minha vocação de futuro. No dia seguinte acordo com 12 mensagens, eu pensei, ou ela terminou ou ela aceitou, e para minha surpresa, ela aceitou, dizendo que não se importava com cargos e sim o que éramos um para o outro, eu senti um alívio imenso, sentia que tudo poderia se resolver e até poder sermos algo duradouro, não esqueço que no decorrer desses meses fizemos uma promessa, na formação tanto minha quanto dela, caso não estivéssemos com alguém do lado, iríamos nos aproximar novamente para tentar algo, sermos namorados ou até casar, bom, não foi bem isso que aconteceu.

Início do sexto mês, acordo com uma mensagem dizendo que aquele mesmo ex obsessivo e possessivo voltou para a cidade e foi até a casa dela para ter um "acerto de contas", ela não estava na casa, mas, sabia que precisava acertar isso, então ele disse que iriam se encontrar a noite e ela contou isso para mim, minha cabeça nunca pensou no melhor cenário, principalmente se um ex que foi tóxico e possessivo voltar para a cidade no único intuito de encontrar com ela para acertar as contas, no mínimo cogitei os piores cenários, e com isso, não concordei nenhum pouco com a atitude dela de aceitar, poderia acontecer tudo de mal e ruim, por isso, eu insisti para ela não ir, mas mesmo assim ela aceitou, confesso que talvez ela deva ter me escutado pois o local de encontro foi uma praça local, então era um lugar público. A ingenuidade da fala em dizer que esse ex nunca faria nada comigo, eu já o conheço, eu realmente fiquei furioso, acreditar que alguém não é capaz de nada para mim não faz sentido, o ser humano em seu instinto de sobrevivência faz de tudo para sobreviver, além do mais, todos nós somos capazes de tudo, até mesmo das coisas ruins, então disse para ela se ao menos fosse aceitar, levasse algum objeto de bolso ou então com o número da polícia discado, um aplicativo de localização e tudo mais. Ela foi, meu coração tomado por ansiedade, quando ela retornou 2 horas depois eu recebi mensagem dizendo que ela havia retornado, meu primeiro instinto de pergunta foi saber como ela estava e em seguida mandar uma foto do local onde estava, para ter a devida certeza de que ela estava bem, a foto era de sua casa, com seu gato, ali fiquei aliviado, bom, eu sabia que se eu perguntasse um acerto de contas com o ex seria nada agradável então disse que se ela quisesse falar sobre isso depois eu iria entender, mas, algo estava estranho, eu percebia que as mensagens estavam estranhas, não era aquele tratamento de antes, até o boa noite parecia diferente, por isso, eu liguei um alerta na mente que algo estava diferente.

O dia seguinte foi estranho também, dessa vez, começou ela me abordando sobre religião, por que eu não entrava na igreja dela e tudo mais, eu pessoalmente não sou tão chegado, eu acredito no existencialismo em minha vida, então, o valor dos meus atos fundamentam minha vida, o bem e tudo mais, só que, desde a manhã até a tarde ela começava a falar sobre isso como se fosse tentando converter um ateu para sua igreja, mas, em tese, o que mais me deixou decepcionado era ela usar exemplo de figuras públicas que tem essa imagem de religioso, com a bíblia na mão, casam-se cedo, tem filhos, tem prosperidade e um final feliz, mas, algo me deixava inquieto, ela estava abordando tudo isso depois dessa conversa com esse tal ex, mas a bomba veio pela noite, onde ela disse que iria fazer celibato, pois sentia falta da igreja e que queria novamente sentir-se incluída lá, depois disso foi ladeira abaixo, pois eu perguntei se ela sabia sobre o que era e como se tratava o celibato e disse que iria voltar e se arrepender de seus pecados, principalmente dos atos sexuais, eu disse que era um tanto injusto, pois, pessoas queriam ter uma libido saudável e até uma vitalidade jovem novamente e ela queria renunciar isso de forma voluntária, na minha cabeça achei isso injusto, mas tudo bem, eu questionei a respeito de seu arrependimento, se ela se arrependia do ato sexual, em parte e tese ela se arrependia de mim, pois em alguns deles ela tomava iniciativa e em todos os atos ela concordava e aceitava, sua resposta me deixou magoado, pois ela apenas disse que o arrependimento era com Deus, e não comigo. Sinto que depois disso ela jogou tudo pro alto, jogando seis meses, nossas palavras e promessas para o alto, eu questionei se essa decisão afetaria no nosso cotidiano, ela respondeu que sim, não iria ter mais tempo e nem ter a frequência de mensagens e além do mais, ela sabia que eu não iria fazer celibato com ela, então, quis encerrar tudo de uma vez, pois, na minha visão, eu abdicar de cinco anos ou até mais de prazeres sexuais por uma jovem que poderia facilmente nesse meio tempo só me usar e ir embora? Não aceitei o celibato e por isso ela jogou nosso cotidiano fora e tudo que fizemos, estava de cabeça quente e por isso eu falei como última mensagem: "Você pode fazer o que você quiser da sua vida, mas, se você se arrepender, não volte para mim, pois a última coisa que eu quero ver hoje é a sua cara."

Após isso eu bloqueei ela, não tive mais contato, passamos o meio do ano inteiro sem nada e recentemente, nesse sétimo mês, dia 10 chega uma mensagem em minhas redes sociais com uma mensagem dela, eu fiquei ansioso, pois não havia motivo algum dela estar ali, sua mensagem era apenas uma pergunta e eu aceitei, seu questionamento abordava sobre se em algum dos nossos atos sexuais havia risco de ter deixado algo dentro, eu respondi que não, não havia como, pois eu sequer tive um orgasmo em nenhum dos atos e até mesmo pelas brincadeiras que ele fazia e me deixava nervoso eu era obrigado a ver o preservativo antes, durante e depois do ato, seco e sem nenhuma gota de sêmen, ela só disse tudo bem e despediu com um boa noite, eu apaguei a conversa e bloqueei, só que, dois dias depois um colega que também a conhecia mostrou uma foto pra mim de um rapaz escrito "Meu amor" em um status, então, para mim os pontos se ligaram, ela voltou com o ex ou está com algum rapaz, devem ter tido um ato desprotegido e agora ela tentou jogar pra cima de mim isso. Hoje em dia eu a exclui da minha vida, e espero que ela nunca mais retorne, estou melhorando minha vida e cotidiano, como dizem, ela foi um livramento da minha vida.